Olá leitores, tudo bom?
Eu sou o Alessandro, o novo colaborador do blog.
Eu sou um pouco novo nisso de resenhar, então tenham paciência comigo, e juro que tenho um bom coração.
Hoje vou falar com vocês sobre o livro Primeiro Amor, do Samuel Beckett.
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Fonte: arquivo pessoal |
Eu me encontrei com esse livro
por um acaso. Eu precisava de um livro barato para conseguir o frete grátis na Amazon,
ele estava em oferta, por R$ 15,00, eu conhecia o autor de nome, sabia que ele
era um Nobel e é
sempre bom ter uma coisa mais culta na estante,
comprei. Pela sinopse, eu esperava uma história de amor meio melosa e triste:
“O monólogo
desta ‘história de amor’ desdobra-se em um espírito patético, porém com muitos
toques de humor. Como ocorre frequentemente com Beckett, a fábula se restringe
a uma estrita e implacável banalidade, porém o inusitado do olhar do herói é
capaz de deixar qualquer leitor estupefato.”
Eu não poderia estar mais
enganado.
Beckett é irlandês, e seu
reconhecimento se dá em grande parte pelo seu trabalho como dramaturgo, sendo
um dos principais nomes do “Teatro do Absurdo”, vertente que englobava autores
de peças teatrais que tratassem de aspectos inesperados da vida das pessoas,
desnudando a falta de sentido da vida humana e a irracionalidade que advém
disso. “Esperando Godot” é uma de suas principais peças, sendo uma das mais
encenadas no Brasil. No ano de 1969, foi premiado com o Nobel de Literatura,
por sua “escrita que - em novas formas para o romance e drama - na destituição
do homem moderno adquire sua elevação”.
“Primeiro Amor” é praticamente um
conto. Possui 32 páginas, com texto apenas nas páginas pares. O projeto gráfico
é uma obra de arte, com ilustrações abstratas nas páginas ímpares, uma capa com
uma textura parecida com papel cartão, o texto não é justificado, mas sim
alinhado à esquerda – cada detalhe do livro é pensado para enriquecer a
experiência de leitura.
O livro trata, então, da história
do primeiro amor desse rapaz, narrador, do qual não sabemos o nome, mas
conhecemos as motivações. A genialidade de Beckett é a de colocar essa paixão
adolescente não como algo sublime ou gostoso, mas como um fardo – e não um
fardo por não ser correspondida, mas sim por ser. Para entender melhor como
isso funciona, é necessário entender uma coisa primeiro: o protagonista é um
completo babaca.
A história tem início com a morte
do pai desse rapaz. O pai dele era o único que tinha algum apreço por ele, e,
depois da sua morte, a família entregou ao rapaz a parte que lhe cabia da herança
e o mandou caçar um rumo. Se só isso não bastasse para termos a certeza de que
esse protagonista é uma pessoa desagradável, a sensação aumenta com a decisão
que ele toma depois disso: em vez de gastar esse dinheiro que ele tem em uma
pensão, o dinheiro acabar e ele ter de trabalhar para viver, ele prefere
guardar esse dinheiro para um caso de necessidade e começa a dormir no banco de
uma praça. E é nesse banco, protegido da chuva pelos galhos de uma árvore, que
ele certa noite conhece essa mulher, com a qual ele quase não conversa, e a
partir daí se constrói essa relação de silêncios, de diálogos ríspidos e de
insistência na presença incômoda um do outro, uma relação nonsense, porém delicada, tratada de um jeito ao mesmo tempo
irônico e poético.
O grande mérito de “grande amor”
é esse lirismo irônico que o Becket traz para essa história, colocando um humor
ácido em passagens como a de quando ele vai embora de casa, em que ele descreve
o clima de festa em que os familiares ficaram após ele ter fechado a porta e
conclui “tudo isso é imaginação, naturalmente, já que eu não estava mais lá. As
coisas devem ter se passado de modo completamente diverso, mas que importa, a
maneira como as coisas se passam, desde que elas passem?”. Ou a de quando ele
resolve procurar pela amada com a justificativa de que “quando estou longe
dela, passo muito tempo pensando nela, e eu não posso perder tanto tempo da
vida com alguém tão insignificante, melhor estar com ela para poder pensar em
coisas importantes de verdade”.
O livro, apesar de curto, é muito
denso, e traz mais questionamentos acerca da natureza humana do que respostas
ou soluções. É um livro para ser lido, sentido, e que tem um pouco de tudo que
esse autor significou para a literatura mundial.
que livro interessante, só pela capa já fiquei intrigada, afinal ela não passa nenhuma prévia do que poderia ser a história. Amei muito sua resenha e achei bastante interessante a história, adorei muito!
ResponderExcluirwww.memoriasdeumaleitora.com.br
Obrigado, Suzane, eu achei ele livro incrível, vale muito a pena sim, até porque ele é curtinho. Obrigado pelo apoio, foi minha primeira resenha na vida, eu estava bem nervoso (e ainda estou, morrendo de vergonha hahahaah). Estou te acompanhando aqui na blogsfera tbm, muito obrigado :*
ExcluirOie!
ResponderExcluirAinda não conhecia essa publicação e o autor, mas estou intrigada com essa trama.
Vou anotar essa dica para procurar mais sobre o livro!
Bjks!
Histórias sem Fim
Eu só conheci porque entrei num projeto de ler autores do Nobel, e esse livro foi muito do acaso, mas um acaso muito bom, de uma procurada sim pq vale a pena.
ExcluirObrigado pelo apoio, beijo
Oi, Alessandro.
ResponderExcluirParabéns pela sua primeira resenha e espero que você escreva mais, viu?!
Eu já conhecia o autor por nome, mas nunca tive a oportunidade de ler um livro dele. Não sei se começaria por esse, mas vou anotar a sugestão!
beijos
Camis - blog Leitora Compulsiva
Oii Camila.
ExcluirVou te falar que a vergonha é muita, viu? Não sei como vocês conseguem HAHAHAHHAA
Muito obrigado pelo incentivo, to acompanhando seu blog já, pra ver se pego inspiração e coragem
beijo
Olá, eu já ouvi falar da trama de "Esperando Godot" em um episódio muito bom de "ER" (tempo em que eu via seriados). Não conhecia outras obras do autor, portanto, agradeço a indicação. Me pareceu interessante e envolvente. Parabéns pela resenha e que venham outras! Abraços!
ResponderExcluirEu via ER de madrugada na TV (acho que no SBT), era muito bom. Eu fiquei sabendo de Esperando Godot por um outro livro que li, "Cotoco" (do qual eu não gostei NADA), mas acabei começando por esse por pura preguiça. Agora quero ler tudo que esse homem escreveu HAHAHAH
Excluirmuito obrigado pelo apoio ^^
Oi, já ouvi falar nesse livro e no autor e estou muito curiosa em ler livros dele, começando por este e acho que esse livro nos traz um choque de realidade do que realmente pode ser o amor, o que entendemos dele e o que sentimos dele. É um livro de reflexão. Boa resenha.
ResponderExcluirbjus
Oiii!
ResponderExcluireu adoro livros que trazem esse tipo de questionamento e reflexões. Não conhecia essa obra e fiquei animada principalmente por ver que é uma história bem escrita e trabalhada com excelencia principalmente por ter tão poucas páginas. Parabéns pela resenha!
bejinhos
Nossa, socorro, só por esse penúltimo parágrafo deu pra ter certeza de que o protagonista é um completo babaca mesmo. Amo Beckett mas o conheci mesmo por causa do teatro do absurdo, fiquei com vontade de ler esse livro e conhecer um outro lado dele, se bem que mesmo sendo diferente também apresenta características em comum, como a ironia, que adoro.
ResponderExcluirOlá, tudo bem? Gosto bastante de livros que são feitos para serem sentidos, degustados e lido mesmo. Acho que é uma ótima dica para mim neste momento. Adorei e ótima resenha! E bem vindo ao blog haha
ResponderExcluirBeijos,
diariasleituras.blogspot.com
Oiii
ResponderExcluirTudo bem?
Esses livros que encontramos ao acaso geralmente são os que mais nos surpreende, nao conhecia o autor, mas adorei a dica e irei procurar algo dele para ler tbm.
Bjus Rafa
Heiii, tudo bem?
ResponderExcluirEu ainda nao tinha ouvido falar do livro "Primeiro Amor"
Achei bem interessante a premissa e gostei dos pontos que apresentou sobre a obra.
A capa é simples, mas ainda sim bonita, fiquei curiosa com os rumos dos protagonistas.
Vou ver se leio tb, acho que vou gostar da escrita da Samuel Beckett.
Beijos.
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Olá, tudo bem?
ResponderExcluirEu gostei do autor utilizar um humor acido no enredo do livro. Não conhecia o livro mas confesso que gostei bastante da premissa e como tudo irá se desenrolar, já anotei aqui para ler o quanto antes.
Olá!
ResponderExcluirEu fiquei com bastante vontade de ler essa obra porque gosto de livros que nos fazem questionar coisas que até mesmo parecem ser naturais para nós. Gostei muito da sua resenha e dessa sua dica, com certeza irei ler!
Beijos.
Oi Alessandro, tudo bem?
ResponderExcluirEstou chocada, risos... Acho que como romãntica incurável esse personagem irá me irritar muito e por isso mesmo, me senti desafiada a conhecê-lo. Achei super diferente o ponto de vista do autor. Não conhecia o livro, mas vou colocar na lista com certeza!!!
beijinhos.
cila.
http://cantinhoparaleitura.blogspot.com.br/