Assim que lançou o Minha Lady Jane, fiquei curiosa para ler pois já conhecia um pouco da história de Jane Grey, a rainha dos nove dias. Mas ao contrário do que um imaginei, não é um livro histórico e sim uma fantasia com um fundo histórico, ou seja, ela usa como base os personagens e contexto para criar uma fantasia. Logo no começo da obra as autoras explicam um pouco disso:
Preste atenção. Mexemos um pouquinho nos detalhes que pareceram insignificantes. E rearranjamos completamente os detalhes mais importantes. Alguns nomes foram trocados para proteger os inocentes (ou não tão inocentes assim, ou talvez simplesmente porque achamos que o nome em questão era péssimo e preferimos o outro nome que inventamos). E adicionamos um toque de magia para deixar as coisas mais interessantes. Então, é sério: qualquer coisa pode acontecer. (página 13)
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Foto: arquivo pessoal |
Na sociedade criada pelas autoras existem os edianos, que são seres humanos capazes de se transformar em animais. Henrique VIII era um, quando ele faleceu Eduardo, seu único filho homem assume, e resolve proteger os edianos dos verdádicos (pessoas normais que são contra eles). Porém ao se ver doente, Eduardo teme que o torno vá para Maria, que é totalmente contra os edianos. Por isso, com o auxilio de um conselheiro, ele trama que Jane Grey, sua melhor amiga e prima, assuma o trono. Para isso, ele casa Jane com um Gê, um ediano que dia é cavalo e a noite um homem normal. Assim, Jane, que já era fascinada por edianos, vivia lendo sobre eles, seria totalmente a favor.
Mas qual era a alternativa? Maria ainda era uma verdádica, além de uma verdadeira estraga-trazeres. Bess ainda não tinha uma opinião formada a respeito de edianos. Jane era a única escolha decente para a linha de sucessão real. (página 85)
- Estou casando minha própria prima com um cavalo. (página 28)
O livro é dividido em três pontos de vista: Jane, o rei Eduardo e Gê (o cavalo), acredito que cada autora tenha escrito um, visto que temos três autoras e três protagonistas. Mas é muito bem narrado que não podemos adivinhar quem escreveu qual. Sobre Jane, é encantadora, corajosa, teimosa e inteligente. Ah... ela ama ler! Logo, me apaixonei logo de casa. Tem que encarar o futuro de ser rainha e a realidade de estar casada com um cavalo. Eduardo é machista, infantil e com planos malucos. Já Gê é de dia cavalo e de noite humano, o que complica um pouco as coisas hehe. A obra também retrata personalidades conhecidas como Maria Tudor e Elizabeth I (Bess, como é chamada no livro).
Apesar de não ser um livro histórico a obra faz menções aos fatos, diversas vezes Ana Bolena é mencionada, senti falta de abordarem Jane Seymour, a mãe de Eduardo. O pouco de fidelidade histórica que tem me agradou muito. Porém a parte dois do livro, cuja observação das autoras é "jogamos o lado histórico pela janela" se tornou arrastada, apesar da minha curiosidade de saber se iam ou não manter o destino da verdadeira Jane, custei a terminar de ler. Vale ressaltar que as autoras pretendem criar o mesmo estilo de livro com outros personagens históricos, já estou curiosa para saber qual o próximo.
Já leram? Gostaram? Pretendem ler? O que acharam da ideia de misturar história com fantasia? Comentem.